Arqueologia

 Enuma Elish - O Mito da Criação Babilônico
Relevo assírio mostrando a luta de Marduk com Tiamat.

Este épico é uma das fontes mais importantes para a compreensão da cosmovisão babilônica, centrada na supremacia de Marduk Marduk era o deus protetor da antiga cidade-estado Babilônia e possuía quatro olhos e ouvidos (via e ouvia tudo), e de sua língua saía uma chama; apesar de tudo, era considerado muito belo.Para a cultura babilónica, o Enuma Elish explica a origem do poder real, a sua natureza, a permanência da instituição e a sua legitimidade. A realeza humana e terrena tem a sua origem na realeza divina. A divindade continuará a ser o verdadeiro rei e também o modelo a imitar pelo rei terreno. A existência de um modelo divino impõe limites à realeza humana.
O deus marduk

 

Tábua I

Os vários deuses representam aspectos do mundo físico. Apsu é o Deus da água doce e Tiamat, sua esposa, é a Deusa do mar e, consequentemente, do caos e da ameaça. A partir deles, vários deuses são criados. Estes novos deuses são demasiado tumultuosos e Apsu decide matá-los. Ea descobre o plano, antecipa-se e mata Apsu. Posteriormente, Damkina, esposa de Ea, dá à luz Marduk. Entretanto, Tiamat, enraivecida pelo assassinato de seu marido jura vingança e cria onze monstros para executar uma vingança. Tiamat casa com Kingu e coloca-o à frente de seu novo exército.

 

Tábua II

As forças que Tiamat reuniu preparam-se para a vingança. Entretanto Ea descobre o plano e confronta-a. Numa zona danificada da tábua é aparente a derrota de Ea. Anu desafia-a, mas tem o mesmo destino. Os deuses começam a temer que ninguém será capaz de deter Tiamat.

 

Tábua III

Gaga, ministro de Anshar, é encarregado de vigiar as atividades de Tiamat e de os informar da vontade de Marduk de a enfrentar.

 

Tábua IV

O conselho dos deuses testa os poderes de Marduk. Depois de passar o teste, o conselho entrega o trono a Marduk e encarrega-o de lutar com Tiamat. Com a autoridade do conselho, reune as armas, os quatro ventos e ainda os sete ventos da destruição, e segue para o confronto. Depois de prender Tiamat numa rede, liberta o Vento do Mal contra ela. Incapacitada, Marduk mata-a com uma seta no coração, capturando os deuses e monstros aliados. Marduk divide o corpo de Tiamat, usando metade para criar a terra e a outra metade para criar o céu.

 

Tábua V

Marduk cria residências para os outros deuses. À medida que estes vão ocupando o seu lugar vão sendo criados os dias, meses e estações do ano. As fases da Lua determinam o ciclo dos meses. Da saliva de Tiamat, Marduk cria a chuva. A cidade da Babilónia é criada sob a protecção do Rei Marduk.

 

Tábua VI

Marduk decide criar os seres humanos mas precisa de sangue para os criar, mas apenas um dos deuses poderá morrer, o culpado de lançar o mal sobre os deuses. Marduk consulta o conselho e descobre que quem incitou a revolta de Tiamat foi o seu marido, Kingu. O mata e usa seu sangue para criar o Homem, de forma a que este sirva de criado dos deuses. Em honra a Marduk, os deuses constroem-lhe uma casa na Babilónia, havendo um grande festim para os deuses quando terminada.

 

Tábua VII

Continuação do louvor a Marduk como chefe da Babilónia e pelo seu papel na criação. Instruções às pessoas para estas relembrarem os feitos de Marduk.





Comparação com o Livro do Gênesis

São várias as similiridades entre a história da criação no Enuma Elish e a história da criação no Livro do Gênesis. O Gênesis descreve seis dias de criação, seguido de um dia de descanso, enquanto que o Enuma Elish descreve a criação de seis deuses e um dia de descanso. Em ambos a criação é feita pela mesma ordem, começando na Luz e acabando no Homem. A deusa Tiamat é comparável ao Oceano no Génesis, sendo que a palavra hebraica para oceano tem a mesma raiz etimológica que Tiamat.
Estas semelhanças levaram a que muitos estudiosos tivessem chegado à conclusão que ou ambos os relatos partilham a mesma origem, ou então uma delas é uma versão transformada da outra.



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